de um Glossário, por ordem alfabética.
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DECÁLOGO DE METRIFICAÇÃO
1) - As sílabas são contadas até a última tônica do verso.
2) - As pontuações não impedem as junções de sílabas.
3) - Não se deve fazer o aumento de uma sílaba métrica nos encontros
consonantais disjuntos, (ou seja: não usar "suarabacti").
4) - Uma vogal fraca faz junção com a vogal fraca ou forte inicial da
palavra seguinte.
§ único - Aceitam-se exceções a esta regra no sentido de evitar a
formação de sons duros e desagradáveis.
Exemplo: "cuja ventura/única consiste".
5) - Uma vogal forte, pode ou não, fazer junção com vogal fraca da
palavra seguinte, no entanto jamais deve fazê-la com vogal forte.
§ único - Nos casos em que se prefira a junção "forte + fraca",
deve-se ter sempre o cuidado de evitar sons desagradáveis ("mais que
tu/ardo") ou formar novas palavras ("via ao invés de "vi a...").
6) - Pode haver a junção de três vogais numa sílaba métrica.
§ 1º - Não deve haver mais de uma vogal forte.
§ 2º - No caso em que a vogal forte não esteja colocada entre as
vogais fracas e sim em 1* e 3* lugar, para que seja correta a junção,
as duas vogais fracas devem juntar-se por crase ou por elisão, e não
por sinalefa (ditongação). Assim, estará certo: "é a ambição que nos prende e nos maltrata", e não se pode unir as três vogais de "e a / íntima palavra derradeira".
§ 3º - Deve ser usada com cuidado a junção de mais três vogais, embora
haja casos corretos de quatro e até de cinco vogais.
7) - Os ditongos aceitam as prejunções com vogais fracas ("E eu"). As
postjunções são aceitas somente nos ditongos crescentes (encontros
instáveis) ("a distância infinita") e são repelidas nos ditongos
decrescentes. ("Eu sou/a que no mundo anda perdida").
§ único - Há casos de uso facultativo de prejunção de vogais forte aos
ditongos, quando essas vogais são as mesmas dos iniciais dos ditongos
e não forem as tônicas das palavras. (Aceita-se: "Será auspiciosa" e
será inaceitável: "Terá/auto nos pontos".
8) - Nos encontros vocálicos ascendentes (formados por vogais os
semivogais átonas seguidas de vogais ou semi-vogais tônicas), a
sinerese é de uso facultativo. ("ci-ú- me" ou "ciú-me", etc.).
§ único - Há neste grupo, excepcionalmente, encontros vocálicos que
não aceitam a sinérese. Geralmente, são formados pela vogal "a"
seguida das vogais "a", ou "e" ou "o" (como em: Sa/ara, a/éreo,
a/orta, etc.) ou, alguns casos, do mesma vogal "a" seguida das
semi-vogais "i" ou "u" tônicas, como em: "Para/íso, "ba/ú", etc.
9) - Nos encontros vocálicos descendentes (formados por vogais ou
semivogais tônicas seguidas de vogais ou semi-vogais átonas) não se
aceita a sinérese ("tua", "lua", "frio", "rio" etc., sim, "tu/a",
"su/a","fri/o", "ri/o", etc.
§ único - Em algumas regiões do Brasil é usada a sinérese nestes
encontros vocálicos, com base na fonética local. No entanto, não será
aceita na Metrificação, em benefício da uniformidade, uma vez que na
maioria dos Estados é feita a separação dessas vogais.
10) - 0 uso da aférese ("inda", etc), síncope ("pra", etc), apócopes
("mui", e de ectilípse ("com a", "o", "as", 'os") é facultativo.
§ 1º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais átonas é
facultativo.
§ 1º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais átonas é
correta mas pouco usado. Acompanhando a maioria dos poetas, sempre que
possível, deve ser evitada. ("com amor") etc.
§ 2º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais tônicas
não será aceita. ("com esta" etc.).
§ 3º - A junção de fonemas anasalados "am", "im", etc., com vogais
átonas ou tônicas não será aceita. ("formaram" / idéias", "cantaram /
hinos" etc.).
§ 4º - E preciso cuidado com o uso de aféreses, síncopes e apócopes
que, por estarem em desuso ou por formarem, geralmente, sons
desagradáveis, irão ferir a sensibilidade e os ouvidos dos leitores e
dos ouvintes.
GLOSSÁRIO - Por ordem alfabética, para melhor compreensão do Decálogo
de Metrificação.
Aférese - supressão de sílabas ou fonema inicial ("/inda").
Apócope - supressão de sílaba ou fonema final ("mui"//").
Crase - fusão de duas vogais numa só ("a alma"; "e este" etc.).
Dierese - transformação de um ditongo num hiato ("sa/u-da-de").
Ditongo - fusão de uma vogal + semivogal, ou vice-versa; na mesma
sílaba. ("sai", " falei", "Niterói", etc.).
Ditongo crescente - semivogal + vogal (pátria, gênio, diabo, etc.).
Ditongo decrescente - vogal + semivogal (pão,meu, dourado, etc.).
Ectipe - supressão de um fonema nasal final para possibilitar a crase
ou ditongação (sinérese) com a vogal inicial da palavra seguinte.
("com o", "com amor", etc.).
Elisão - supressão da vogal átona no final de uma palavra. ("Ela
estava" = "Elistava").
Encontros consonantais - duas consoantes unidas:
a. inseparáveis - ("bl" - bloco; "fl" - "flor", etc) ou "grupos
consonantais",
b. separáveis - ("gn" - ignóbil; "bs" -Observar) ou "encontros
consonantais disjuntos".
Hiato - uma sílaba terminada, por vogal-base seguida de outra iniciada
também por vogal-base. ("re/eleger", ca/olho, a/éreo, etc.) (Rocha Lima); é o encontro de duas vogais pronunciadas em dois impulsos
distintos, formando sílabas diferentes. (sa/ara, podi/a, sa/úde, etc.)
(Cegalla).
Encontros vocálicos ascendentes - designação de Luiz Otávio - é o
encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente,
sendo a primeira fraca e a segunda forte. (ci/ú-me, vi/o-la, po/e-ta,
cru- el-da-de, etc.).
Encontros vocálicos descendentes - designação de Luiz Otávio - é o
encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente,
Junção a primeira forte e segunda fraca. ("di/a", "tu/a", "ri/o" , etc.).
Junção - designação de Luiz Otávio - no sentido generalizado para
traduzir a união de sílabas métricas, Abrange pois, os diferentes
processos de diminuição de sílabas poéticas. (comumente e erradamente
empregada pela maioria dos poetas como elisão). Ver no Glossáuro, os
vários processos ou métodos para diminuir as sílabas métricas ou
processos de fazer a junção de sílabas: crase, elisão, sinalefa,
sinérese, alferese, síncope, apócope e ectipse.
Postjunção - designação de Luiz Otávio - junção posterior a uma sílaba
ou palavra.
Prejunção - designação de Luiz Otávio - junção anterior a uma sílaba ou palavra.
Semivogais - são os fonemas "i" e "u", quando ao lado de uma vogal
formam uma sílaba com elo. (Assim em: "pai", "mau", o "i" e o 'u"
funcionam com valor de consoante, em "lu-ta", vi-da", funcionam com
função de vogal).
Sílaba ou métrica ou poética - são sílabas nos versos, (contagem
diferente das sílabas gramaticais).
Sinalefa - fusão ou junção de vogais ou semivogais, entre duas
palavras, formando ditongo (Este amor" = "Estiamor").
Síncope - supressão de fonema ou sílaba no meio da palavra ("p/ra").
Sinérese - transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra.
("ci-úme" em ciú-me".
Suarabacti - "aumento de uma sílaba métrica, pela pronúncia das vogais
de apoio, nos encontros consonantais disjuntos". (Luiz Otávio)
"i-gui-no-rar".
Tônica - sílaba forte, acentuada. Vogais - "Fonemas sonoros, que se produzem pelo livre escapamento do
ar pela boca e se distinguem entre si por seu timbre característico",
(Rocha Lima).
Vogal forte ou fraca - a vogal átona ou acentuada (tônica) da palavra ou verso.
TROVAS DEMONSTRATIVAS DA APLICAÇÃO DAS DEZ REGRAS DA METRIFICAÇÃO
Estas trovas foram feitas para demonstrar os diferentes casos de
aplicações das dez regras da metrificação. Têm, pois, finalidade
didática. Devemos observar em cada uma, pela numeração, aplicação
correspondente. O conteúdo não tem relação com as regras, mas tão
somente com as formas das trovas. O fundo está relacionado com as
mensagens generalizadas sobre os estudos de Metrificação. Portanto,
julguem-nas como utilidade didática e como curiosidade, e não corno
valor artístico.
(Luiz Otávio - Santos, 26/03/1974).
1ª regra - (última tônica)
Poderá a força elétrica
de um sábio computador
ensinar contagem métrica
mas não faz um trovador...
2ª regra - (pontuação)
Pensa em calma! Evita errar,
Injusto é se nos reprovas,
pois não queremos mudar
o modo de fazer trovas.
3ª regra - (encontros consonantal)
Você pode acreditar,
ter a pura convicção
que a ninguém vou obrigar
a ter a minha opinião...
4ª regra - (vogal fraca + fraca)
Podes crer és muito injusto
e estás longe da verdade,
pois na trova a todo custo
defendo a espontaneidade...
5ª regra - (vogal forte+ fraca)
É uma história bem correta
em tudo o ensino é preciso,
no entanto, só o poeta
quer ser gênio de improviso...
6ª regra - (junção de três vogais)
Esta é uma regra indiscreta,
convenções, mal amparadas,
induzem muito poeta
a convicções enraizadas.
7ª regra - (ditongos)
Para medir nossos versos,
se o ouvido fosse o juiz,
em nossos metros diversos
ninguém poria o nariz...
8ª regra - (encontros vocálicos ascendentes)
Na trova, soneto ou poema,
em toda parte do mundo
se a Forma é o seu diadema,
a sua alma é sempre o fundo!
9ª regra - (encontros vocálicos descendentes)
As dúvidas são pequenas
não sejas tão pessimista,
dá-me a tua ajuda, apenas,
e será bela a conquista.
10ª regra - (licenças: aféreses, síncopes, apócopes, ectlipses).
É mui// feio criticar(apócope)
/inda que seja um direito (aférese)
pra ser justo, aulas vem dar (síncope)
com o teu plano sem defeito... (ectlípse)
Frase mnemônica para decorar as dez regras de metrificação:
"Tendo paciência e Estudo você versejará tecnicamente direito
encontrando estética e lirismo."
(T = tônica; p = pontuação; e = encontros consonantais; v = vogal
fraca; v = vogal forte; t = três vogais; d = ditongos; e = encontros
vocólicos ascendentes; e = encontros vocálicos descendentes; l =
licenças poéticas).
Luiz Otávio
Fonte: http://falandodetrova.com.br/dec%C3%A1logo
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